Como sabemos, Freire, nascido no Brasil em
1921, fez grandes contribuições teóricas que impactaram fortemente a educação
e, de modo especial, a educação popular.
Freire propôs uma educação popular baseada na conscientização, na
colaboração, na participação e na responsabilidade social e política dos
sujeitos envolvidos. Freire (1996) insere a educação no âmbito ético e
político, retirando sua suposta “neutralidade” perante a História. Assim educar
é conscientizar para que o sujeito assuma seu papel na mudança social. Educar é
ajudar o educando a dizer sua palavra, se colocar como protagonista do mundo e
da história
(...) o mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa,
inteligente, interferidora na objetividade com que dialeticamente me relaciono
meu papel no mundo não só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências.
Não sou apenas objeto da História, mas sou sujeito igualmente, no mundo da
História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar.
(Freire, 1986, p. 76-77)
Paulo Freire, na Pedagogia do Oprimido (1986)
e na Pedagogia da Esperança (1992), nos mostra o grande poder da palavra. É
operando a palavra que nos tornamos sujeitos e, como tais, capazes de ler e
escrever a história. Ao dizer a sua palavra, o sujeito cria/recria o mundo, e,
ao fazê-lo, cria/recria a si mesmo, num processo contínuo e infindável de
autoconstrução e desconstrução. É nesse processo que acontece a
emancipação. Freire nos ensina que o
construir-se, o biografar-se, o existenciar-se só é possível através da
autonomia e de uma relação ética com o outro. Ao falar sobre libertação, ele
afirma: ou ela é um processo coletivo, ou não será verdadeiramente autêntica. O
dialogo só é possível entre iguais.